segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Nascido para matar.


Na verdade o título original desse filme é "Full Metal Jacket", por causa de uma munição militar que um soldado no campo de treinamento utiliza para se matar. Mas, por que mudar o título para "Nascido para matar"? Na imagem da capa do filme, mostra o capacete usado pelo soldado Joker que tem escrito "Born to kill" e do outro lado o simbolo hippie (peace & love), foi um jeito do diretor Stanley Kubrick deixar claro que o filme é um crítica à guerra do Vietnã.
O filme é divídido em duas partes, com dois personagens principais: na primeira parte o soldado Leonard e na segunda o soldado Joker. Vou tentar fazer uma leitura dessas duas partes sem contar o filme, o que vai ser bem difícil pois quem já leu meus outros posts sabe que eu tenho a língua solta e às vezes não sei me controlar, né?

As duas fases do filme são narradas por Joker, como num diário.
Primeira parte: é no fim dessa parte que o título original é criado, quando Leonard explica sobre a arma que usa e sua munição. Essa estapa é claramente uma crítica a formação dos fuzileiros e a desinformação dos jovens americanos que iam para o exército. Joker é o representa de que os fuzileiros são feitos para matar, pois apesar de ser informado e ter uma veia comunista, ele se apresenta no exército para aprender a matar.Já Leonard é a desinformação de corpo e alma, pois ele além de ter uma incrível dificuldade de acompanhar o rítimo dos treinamentos (tem problemas mentais), ele nem sabe o porque está lá e o que fará depois.
Em determinada parte Leonard enlouquesse pois, como não consegue acompanhar os companheiros e os castigos não adiantam o sargento resolve punir a todos, menos a ele, para ver se o peso na consiência e a irritabilidade dos companheiros o faz melhorar, aí está uma das críticas mais intensas do filme: como alguém pode controlar a mente de outra pessoa, para transforma-lo numa máquina de matar? Bom, fato é que os companheros de Leonard batem nele numa noite, o que o faz enlouquecer e virar um matador profissional.
Nessa parte o nosso querido BOPE é bem parecido com os fuzileiros norte-americanos, segundo uma matéria que eu li, Wagner Moura teve que, em sua oficina de construção do personagem, sofrer essa tortura mental e acabou dando um soco na cara do instrutor. Criamos os demônios e nem ao menos nos damos conta.
A segunda parte: Joker (que ganhou esse apelido no treinamento dos fuzileiros, por ter sempre uma resposta para tudo e ser comunista) vai para o Vietnã como jornalista. Os horrores da guerra nem o atingem, até que ele viaja para outro destacamento e tem que entrar de verdade na guerra. Não que ele não tivesse morto alguns Vietnamitas, mas naquele novo destacamento ele teve que entrar em combate real.
Aí vem a outra grande crítica do filme: a situação de ignorância dos soldados. Joker vê camponeses sendo mortos, prostitutas Vietnamitas sendo usadas pelos soldados norte-americanos, mas também pela resistência (que as usa como espiãs) e vê também a transformação de civis em soldados.
Tem uma parte na qual os soldados falam sobre a missão deles naquele país desconhecido e se vê que eles achavam estar ajudando, fazendo algo "que os próprios Vietnamitas tinham que ter feito". Alguns dos soldados nem ao menos sabiam qual era sua missão, só sabiam que tinham que matar e matar e matar.

Por isso que quando falam que esse filme foi o melhor filme sobre o Vietnã da década de 80, eu discordo: acho que ainda está para ser criado um filme que fale tão claramente sobre a guerra que matou milhões de civis inocentes. Além das críticas, o filme é muitíssimo bem feito e de fotografia linda, linda.

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