domingo, 30 de setembro de 2007

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias



...foi o mesmo ano em que meu dvd rodou filmes nacionais.
Quem já conversou comigo pelo menos uma vez sobre cinema nacional, sabe quanto ao meu descrédito quanto a essas produções que preocupam-se apenas em mostrar um Brasil futebol, carnaval e pessoas andando peladas e fazendo sexo em todos os lugares, simplesmente assim: sem diálogo e sem explicação. Apenas estão ali para mostrar uma coisa: Sexo.

Porém, é claro, tem alguns filmes que libertam-se dessa maldita formúla que sobrevive desde as pornôchanchadas da década de 50/60. Um desses é 'O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias', o qual não mostra nenhuma nenhuma pretensão realista, e por isso mesmo é muito mais convincente que muitos filmes sobre o tema da ditadura militar.

De uma forma simples, cativante e sem exageros, ou excesso de realidade, o filme aborda a Ditadura Militar Brasileira de 70 ao mesmo tempo que aborda a realidade de um menino fanático por futebol em meio a Copa do Mundo.

Os estreiantes Michel Joelsas (Mauro) e Daniela Piepszyk (Hanna) dão um brilhantismo a parte. Ambos são 'marinheiros de primeira viagem' mas isso não impedem de roubarem a cena até mesmo dos brilhantérrimos Paulo Autran e Germano Haiut. Esperemos que não caiam em um programa infantil, ou pior: na novela das sete onde o maior rumo de suas carreiras será de fazer propaganda para cerveja.

Em meio a toda essa baderna encontra-se a perfeita direção de Cao Hamburguer, o qual impressiona pelo fato de ser apenas o segundo longa-metragem que ele produz - o primeiro fora Castelo Rá-tim-bum de 1.999. Ele faz com que o filme seja amado por todos os tipos de pessoas, sejam jovens ou velhos. Amantes do cinema nacional ou não. Tudo isso em apenas 8 semanas de filmagens.

E a trilha sonora não fica por menos, Beto Villares e sua orquesta fazem um trabalho maravilhoso e pouco reconhecido aqui pelo Brasil ao mesmo tempo que Robert Carlos embala a cena do Baile. Uma curiosidade sobre a trilha é o fato de que o famoso 'RC', dos especiais de fim de ano, em nenhum momento libera suas músicas para fazerem parte de Trilhas Sonoras. Para conseguir a autorização, Cao enviou ao cantor o filme sem edições, efeitos visuais, porém com a música inclusa. Dois dias após o envio, a autorização assinada a punho pelo cantor estava na mesa de Cao.

Tanto trabalho, dedicação e brilhantismo de um filme brasileiro, claro, não foi reconhecido aqui (apesar dos inúmeros prêmios ganho, há ainda uma resistência por parte do público devido o selo da produção Globo Filmes) mas já começa a dar frutos no exterior. Em festivais Europeus e Americanos, o filme fora destaque e conseguiu uma vaga no circuito nacional da Inglaterra e Estados Unidos - ambos têm estréia prevista para Dezembro - e também fora nomeado a Melhor Filme Estrangeiro para o Oscar de 2008.

Para todos aqueles que, assim como eu, acreditavam que o cinema brasileiro não teria futuro, vale a pena conferir.

2 comentários:

DER KOSMONAUT disse...

aaaaaaaah que injusti�a essa sua coloca�o sobre o cinema brasileiro
mas concordo com o que voc� diz sobre o ano em que meus pais sa�ram de f�rias, tenho certeza de ter sido escolhido pra representear o Brasil na preliminar pra escolher os Melhores Filmes Estrangeiros pro Oscar foi uma boa escolha

nãoseileianaminhacamisa. disse...

também achei muito injusta!
cinema brasileiro é muito bom SIM. Inclusive as filmes sexuais são exclusivos da década de 60 e isso aconteceu pelo fato das pessoas quererem chocar, quererem quebras os tabus do brasileiro cristão e sem idéias na cabeça. E quanto aos filmes sobre futebol, já viu "Garrincha - a estrela solitária"? Fala de futebol e eé do caralho.
Sobre esse filme, achei genial, justamente por mostrar o ponto de vista do menino, pois no fim você acaba mal percebendo o que houve com os pais.