terça-feira, 25 de setembro de 2007

"CINE ES CINE, Y PUNTO"


Desisti da idéia de fazer um blog como registros só meus de filmes, a idéia de um espaço onde meu grupo de amigos (e interessados) possam debater sobre filmes pareceu mais atraente.

Eu já costumo repudiar alpinistas sociais como Xuxa, mas o maior problema que vejo é com quem já está bem estabelecido e não precisa fazer certas coisas (mais). Eu me pergunto se Juliana Paes precisa continuar fazendo comercial de cerveja vendendo uma imagem da mulher brasileira de puta se a massa já reconhece ela como "atriz". O maior reconhecimento pra um ator é quando um público se lembra de uma personagem por muito tempo. O verdadeiro ator sabe disso, é preciso que sua imagem fique abaixo da da personagem para que ele seja verdadeiramente reconhecido. Tente se lembrar do nome de alguma personagem dela em alguma novela global recente, impossível. Ela sempre (ou até quando as plásticas não conseguirem mais esconder sua idade) vai fazer o papel da boazuda, e só.

Na China algumas crianças são escolhidas e passam a infância e adolescência se preparando para um papel para quando chegarem a fase adulta interpretarem ele na Ópera de Pequim até não poder mais. É o caso Douglas Silva e Darlan Cunha e maioria dos atores do Nós do Morro que de tão coitados, nem vendem sua imagem mas me desculpem, não são atores, são dublês. E quando não fizerem papel de Laranjinha ou Acerola vão fazer o papel do Jaquinha e do Mandioca ou de Severino, o porteiro e Sebastião, o zelador do prédio de Helena (não que não sejam profissões dignas, o problema é que eles não terão desafios novos como atores).

Quem é o maior nome de ator nacional com sucesso no exterior atualmente? Eu respondo pra vocês, Rodrigo Santoro. Reconhecidíssimo aqui e tentando escalar aquela montanha com a plaquinha onde se lê Hollywood fez um filme espetacular onde tem falas significativas e demonstra todo seu talento como ator. Sim, fui irônico, estou falando de As Panteras 2. Sinto muito, mas ele não estava ali pelo seu talento, e sim pelo seu corpo - e sem necessidade, na minha opinião. O problema não está em fazer cinema hollywoodiano, afinal lembrando aos cinéfilos mais xiitas - qualquer extremismo é alienação. Não repudio quem topa algumas coisas só no início da carreira, afinal, não se pode chegar colocando banca. Mas venhamos e convenhamos, tudo tem um limite.

Diego Luna, que é um dos atores que eu mais admiro na atualidade, fez O Terminal (dirigido pelo nada comercial Spielberg) e Dirty Dancing 2 que são dois filmes bem legais. O segundo vi com minha mãe dia desses já que ela tinha visto o primeiro num sei quantas vezes na adolescência. Acabei me surpreendendo, apesar de conter algumas cenas surreais (como um monte de gente sem nada pra fazer dançando em uma praça de Havana o dia todo, sugerindo ser uma prática comum), o filme tem uma história bem interessante. Taí a prova que se pode fazer blockbuster sem apelar, e tenho dito.

Gael Garcia Bernal deveria apenas anunciar Caetano Veloso como o Bob Dylan brasileiro no Oscar, mas foi o primeiro da noite a fazer um discurso anti-Bush. Além de ator, iniciou recentemente sua carreira como diretor com o filme Déficit, que fala sobre a desigualdade social mexicana que estreou nada mais, nada menos que no Festival de Cannes. O primeiro trabalho dele como diretor estreou em Cannes, só isso. É chocante. Diego Luna também estreou como diretor recentemente em um documentário sobre o boxeador mexicano J.C. Chávez que vem sendo elogiadíssimo pelos tablóides e vai passar no Festival do Rio. Não tem como não admirar essas figuras. Luna disse uma vez uma coisa que eu já tinha dito no Cineclube Fora do Circuito com outras palavras que bem resume tudo que venho tentando dizer nesse post: cine es cine, y punto. cine mejicano... nada existe. existen sólo las buenas y las malas películas (cinema é cinema, e ponto. não existe cinema mexicano, nada existe. existem apenas os bons e os maus filmes). Afinal, como defende um filósofo chamado Júlio Cabrera, o cinema, tal como a filosofia, tenta entender a condição humana. O cinema é a linguagem universal (mais do que todas as outras artes), não tem jeito. Brasileiros não se sentem latinos, não se incluem com frequência no termo latino-americano, mas eu me orgulho de ter aqui dois atores tão jovens e com tanta boa idéia na cabeça.

3 comentários:

vinicius gouveia disse...

- vinícius diz:
concordo com vc até a beira do mar. mas quando chegamos a areia... ihhh é problema.
- vinícius diz:
eu li, po.
tres diz:
tem coisa faltando
tres diz:
Gael Garcia Bernal deveria apenas anunciar Caetano Veloso como o Bob Dylan brasileiro, mas foi o primeiro da noite a fazer um discurso anti-Bush.
tres diz:
NO OSCAR
- vinícius diz:
mas eu me considero latino americano. porém não me sinto orgulhoso por nenhum ator da américa. se eles forem mexicanos, são mexicanos. se forem da américa do sul, são da américa do sul. se forem brasileiros, mas do rio, não me importo muito. posso admirar pra caralho, mas não sentir aquele apego que a gente sente como quando uma 'cria' faz algo legal. não sinto, por exemplo, rodrigo santoro uma
- vinícius diz:
coisa minha, mas um cara que vive longe daqui. e ponto. (no começo e no final). não to dizendo que vc ta errado, afinal é seu sentimento. so to dizendo que não sinto isso pelos atores que se formaram distante. mas, pelos pernambucanos, sempre abro aquele sorriso. afinal, mesmo que eles tenham tido uma vida a quilometros de mim e a formação idem. é MESMO minha terra. eles estudaram e se formaram
- vinícius diz:
em locais que eu tenho acesso, acredito.

[e viva a minha opinião]

Yvonne Carvalho disse...

oK...quanta coisa.. Er...vamos por partes, como faria Jack...
Vocês (Vinícius e Txai) começaram uma discussão seríssima...sobre identidade. Não sei...acho que isso de "sentir que faz parte" de algo é muito pessoal mesmo. Mas é normal os governos (e outras instâncias) se importarem com esse sentimento de identidade...daí os esforços para nos fazerem pensar e sentir o mesmo diante de certas coisas. ...exemplo..."todo brasileiro gosta de futebol". Er...e se eu não gostar, não sou mais brasileira? Os símbolos existem, são uma forma de tornarmos homogêneos. Daí se vai "colar" ou não...é outra história. é um processo pesssoal. Ah, mas isso é só o que eu acho...sem base científica nenhuma. HuHuH
Tem um filme "perfume de mulher", que o personagem de Al Pacino, fala sobre isso...sobre que símbolos valorizamos, etc. Assim, o filme não fala sobre isso. Mas tem uma fala da personagem dele que fala sobre essa formação da identidade...
Acho que vale perstar atenção somente numa coisa em jogo aqui: uma coisa é se identificar com as coisas "da terra", outra é ser bairrista. Não é porque é daqui que tem que ser bom. Como Txai falou, "qualquer extremismo é alienação".
Quanto a Santoro, o cara é bom, muito bom. Basta ver "bicho de 7 cabeças" para ter certeza disso. Juliana Paes pode até interpretar...mas ainda vai ter que estudar muito para fazer um grande papel. Além, é claro, de se impor em busca desse papel. O comentário sobre Santoro foi contraditório. Se os atores não podem chegar "fazendo banca", como criticar os primeiros passos dele no cinema hollywoodiano? Ele podia ter feito diferente? Claro! Ele podia fazer 6 filmes "cult" como Gael Garcia, e depios conseguir reconhecimento por lá. É difícil julgar assim as escolhas dos atores. Um dos melhores atores que eu já vi trabalhando foi Gero Camilo (procurem no Google, caso não lembrem pelo nome). E ele fez um papel idiota e sem fala no não menos hollywoodiano, "Chamas da Vingança"...
...e com relação a Dirty Dancing 2 - Noites em Havana, eu também gostei. Mas é só um sessão da tarde... Só não é ruim pela atuação de Diego, pela dança e pela trilha (e viva Orishas!!!).
Pronto...parei. Falei muito, MESMO agora. HAuUAHAUh
Beijooo

nãoseileianaminhacamisa. disse...

bom, eu me orgulho de ser latino-americana, pois o cinema latino americano está tão bom quanto o norte-americano e europeu. Tem muito mais qualidade, muito mais amor em suas direções e roteiros. Queria saber escrever como fazem os grandes roteiristas mexicanos.