domingo, 14 de outubro de 2007

Os sonhadores.


Se me perguntarem sobre o que é esse filme eu direi que é sobre amor, mas não amor a alguém, amor ao cinema. Talvez seja também sobre amor de irmãos e de amantes, mas acho que não importa muito quando tudo o que é feito no filme tem uma ponta de história do cinema: da "maçonaria" cinematográfica as brincadeira eróticas. Li duas críticas sobre o filme: uma positiva e uma negativa até a alma e descobri que uma endeusa demais o filme a outra o torna o verdadeiro demônio sexual, descobri também que não acho nenhuma das duas justas ao filme. Nenhuma das duas explica o porque da ligação cinema e sexo, porém eu também não saberia explica-la. Mas, se pode tentar, não? O cinema é o prazer, a paixão e, ao mesmo tempo, pode ser todos os maus sentimentos de uma relação amorosa: prazer e paixão são facilmente encontrados em filmes que fazem o espectador querer entrar na tela, querer ser um personagem; e os sentimentos maléficos são fielmente representados pelos famosos "besteirois", filmes que passam absolutamente nada, nem ao menos desprezo. Já o sexo significa o prazer inundando o corpo, significa a felicidade sendo gerada na barriga de uma mulher, mas também significa o estupro e o incesto, mas não deixa de representar o desejo de alguém. Talvez a relação cinema e sexo seja o desejo e satisfação criados pelo homem e também o nojo e vergonha. Porém, no filme creio que essa relação seja apenas representativa do bom lado das coisas.

Maçonaria cinematográfica é como Matthew (um americano que vai para a França de 68 para estudar) chama os jovens sedentos e famintos por cinema que freqüentam a cinemateca de paris, pois é como se eles fossem a nata dos cinéfilos franceses, não obstante, ele se inclui nesse refinado grupo de pessoas, sem convite e sem amigo algum. E as brincadeiras eróticas são, na verdade, causadas pelo cinema, pois os irmãos Théo e Isabelle usam e abusam do cinema nelas, nem ao menos sei como explicar o porque delas começarem, mas saiba que funciona mais ou menos assim: quando um erra o filme imitado pelo outro tem de pagar uma prenda sexual. Agora, o que aconteceria se os excêntricos irmãos encontrassem o cinéfilo americano? Bom, veja o filme e veja você mesmo, pois minha função não é contar o filme (mesmo o tendo feito no post de Volver) e sim instigar o leitor a vê-lo.

"Os sonhadores" faz você querer conhecer o cinema profundamente, entregar a alma ao diabo por um filminho que seja (o que eu faria com prazer), vi o filme semana passada e até agora estou com vontade de conhecer mais sobre outros filmes, os filmes que eles imitavam ou assistiam na cinemateca. Mas, ele não fala só de cinema, Théo e Matthew falam também sobre política (Matthew defendendo a guerra do Vietnã pia e cegamente, enquanto Théo fala sobre o que realmente está acontecendo lá, além de discutirem sobre o porque Théo, que é de classe média alta, apoiar tanto os jovens franceses que se rebelam contra o governo, ao invés de estar na luta corpo a corpo com eles), sobre quem seria o melhor guitarrista: Clapton ou Hendrix e sobre qual o melhor comediante: Chaplin ou Keaton. Devo admitir que concordei em tudo com Théo, mas em certo ponto com Matthew: porque Théo não está lutando contra o governo junto dos estudantes? Mas, ao final isso se esclarece muito. Como palavra final eu digo: parabéns Bertolucci, seu filme faz pensar.

7 comentários:

DiH disse...

Esse é o tipo de FIlme que eu tenho medo. xD~ Não sei se eu gostaria dele. Ao vê-lo por essa perspectiva, me pareceu um daqueles filmes parados onde volta e meia acontece um rápido diálogo, e logo volta ao tédio de cenas belas, porém tediosas.

O Abuso sexual no filme também seria em parte ruim, pelo fato incesto de dois irmãos ficarem brincando de 'cinema ou sexo', substituindo o 'verdade ou desafio'.

Porém, no geral, fiquei com vontade de saber o que acontece quando eles encontram o pobre americano. Talvez eu vá locar ele ^^"

nãoseileianaminhacamisa. disse...

não se assuste, pessoa. É um filme realmente bom.

DER KOSMONAUT disse...

O filme é bom, mas acho um pouco pornografia gratuita. Bertolucci gosta de sexo demais nos filmes dele (já falei isso em outro post...). Tirando a parte do sexo que acho um pouco em excesso e desnecessário, gosto do filme pelos seus diálogos inteligentes e pelos enquadramentos perfeitos. E por via de regra, acaba sendo um filme que relata um pouco do Maio de 68 francês. É um filme pra cinéfilo ver, uma grande homenagem ao cinema e ao início dos primeiros cinéfilos (os primeiros cinéfilos surgiram na França). Traz ainda reflexões sobre a Guerra de Nixon e o sexo, drongas e rock'n roll (nesse caso substitua o rock'n roll pelo cinema).

Anônimo disse...

É, eu também tenho um pouco de medo desse filme...
Tenho problemas com produções que acabam envolvendo 'sexo gratuito', como txai mesmo o chamou.

Por outro lado, já li muitas críticas favoráveis ao filme, (incluindo esta!), e até mesmo a atriz.

Talvez eu acabe conseguindo vencer minha covardia e loque-o

nãoseileianaminhacamisa. disse...

o filme é quase todo sexual, é verdade, mas talvez por isso mesmo seja bom: pois choca no primeiro momento e depois faz você se deliciar.
e como diria amarelo manga: "o ser humano é todo sexo e estomago."

Bruna monteiro disse...

eu ia comentar justamente isso. O filme quer causar o impacto para as pessoas olharem para ele, e depois ele mostra o que realmente pretende. O sexo é um meio para chegar ao cinema, uma ligação. Se falamos sobre filosofia e cinema, cotidiano e cinema, por que nao sexo e cinema? Não acho que seja sexo gratuito. Para mim é algumas cenas é exagero, mas não acho que ele colocou aquela cena por nada. tudo há um motivo, apenas eu ainda não entendi, por isso acho exagero. É um filme que merece ser visto e revisto.

Anônimo disse...

um dos melhores filmes já feitos, com certeza.