quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Beleza Americana


A julgar pelo meu último texto publicado, resolvi falar sobre um filme tipicamente americano.
Beleza Americana se destacou por mostrar a típica vida-norte americana como ela é (ou como Sam Mendes achava que era no final do século XX): 'American Beauty', que é um tipo de rosa muito cultivada nos Estados Unidos, com uma peculiaridade: ela não possui espinhos nem cheiro, uma metáfora sobre o vazio do americano comum. Esse é o típico filme 'Temos uma idéia da moda e podemos ganhar um Oscar!', o qual foi realmente muito utilizado nas últimas décadas pelos produtores. Esse é o filme que nos faz questionar: 'A qualidade cinematógrafica de hoje é medida pelos prêmios que ela ganha?' (Aqui leia-se Oscar, afinal os americanos nem tem consciência do que se trata outros prêmios cinmetográficos, tal como o 'Cesar', o qual o filme recebeu uma indicação de melhor filme estrangeiro.)

Não me levem a mal, eu gosto do Oscar. Realmente gosto. Todo ano, pelo simples fato de não ter uma tv a cabo passo horas a frente da T.V. vendo entre os programas dominicais a premiação. E não, apesar de não gostar daqueles típicos programas, não posso deixar para ver apenas o resultado em algum site de cinema, preciso ver, torcer, animar e até mesmo xingar, apenas se for necessário, claro. Mas, um filme como Beleza Americana arrebater cinco Oscar's, é realmente duvidoso.

O filme gira tipicamente em torno da vida, e da família, do personagem de Kevin Spacey (figurinha carimbada em filmes da época). Assistindo-o, podemos nos ver de frente a uma realidade que não nos passa nada: a simples realidade de comprar pipoca nos cinemas e, ao sair, passar no Mc Donald's, tudo sem motivo, apenas pelo fato de que as coisas devem ser assim. Talvez a crítica do filme tenha abalado os americanos que os viram estampados nas telonas de uma forma tão grotesca e inútil, mas para nós nada passa. Seria a mesma coisa de sentarmos e começarmos a ver um filme onde uma mulher da Árabia ensinasse a passar Tunica de forma que o marido não achasse que ela estava faltando com respeito a ele. São formas e culturas que não nos afetam (mesmo que estejamos deixando-nos dominar pela cultura Americana, ainda não somos eles).

A parte mais 'universal' do filme, fica por conta de Wes Bentley (destaque para sua ótima atuação), o qual interpreta um garoto que tem tudo na vida, mas ainda não está satisfeito. Porém, contrariando os clichês, ele não sai por ai quebrando a casa e tentando chamar a atenção dos pais, mas sim grava tudo que vê. Sim, como uma forma de 'Documentário da vida Real' o garoto sai por aí filmando coisas simples de sua vida, passando por momentos totalmente tocantes de tão simples. Porém, como se não fosse bastar ter um elenco de personagens ruins, eles conseguiram estragar ele também, fazendo-o fazer filmes de gosto duvidoso de seu Vizinho, Kevin Spacey.

Porém nem tudo é apenas espinho. Thomas Newman e Pete Townshend conseguem ser a 'rosa' do filme com a emocionante trilha sonora que nos faz viajar e até esquecer que estamos nos sujeitando a assistir um filme tão idiota quanto esse.

Após a estréia de Beleza Americana, o já não mais tão consagrado diretor Sam Mendes, ficou três anos parado antes de lançar sua outra galinha de ovos dourados 'A estrada para a Perdição' o qual ele conseguiu superar-se um pouco, não o bastante para esquecer o tediante 'show' de Beleza Americana.

Talvez os americanos nescessitem de um filme bem mais real sobre o rumo da vida deles. A auto-crítica aqui é contrabalançeada, e até mesmo ofuscada, com as cenas de sexo explícito. Com a pouca experiência que eu tenho sobre filmes arrisco-me a dizer que o filme só teve sucesso pelo seguinte: Camuflar a realidade americana em uma monótona-rotina bem remunerada, com casos extra-conjulgais sem punição, uso contínuo de Drogas e, claro, Sexo.

Apesar de não gostar e não recomendar o filme, assistiria com prazer uma continuação desse filme falando sobre a realidade atual dos americanos com a Guerra do Iraque em busca da extração do petróleo. Esse não ganha nem um Oscar, quer apostar?

4 comentários:

Yvonne Carvalho disse...

Certo...odiaste mesmo o filme, né? HUAhUAHUAH
Eu gostei. E não acho que é o tipo de filme que não nos afeta. Acho que todos afetam... Mas isso é tema para uma discussão muito longa...
O filme ganhou destaque justamente por criticar o fatídico "american way of life". E, como você destacou para o filme, esse jeitinho americano de viver é uma rotina monótona e bem remunerada, traições, drogas e pitadas de sexo. A idéia não era camuflar a realidade nesses elementos. Mas mostrar esses elementos como A realidade (a vazia realidade do 'american way of life'). É uma crítica à necessidade de se mostrar bem sucedido e as frustrações que isso traz.
O diretor carrega nas cores. Para gente pode parecer um monte de gente desregulada. Mas, pode acreditar, muitos norte-americanos se identificaram ali... HuHuHuh

vinicius gouveia disse...

não assisti esse filme. mas, agora, com certeza irei locar.

acredito que yvonne deve ter falado algo bem relevante, afinal maracatu não deve fazer tanto sentido para os americanos como esse filme não deve fazer pra gente.

não vou continuar, afinal falar suposições é um tanto desconcertante.

irei locar.

DER KOSMONAUT disse...

americano adora uma polêmica, essa é a razão pra por exemplo um filme como brokeback mountain que não tem nada demais ter toda essa repercussão. é só por causa da polêmica por falar das relações homoeróticas.

sim, adorei o seu jeito de escrever (sim, estou me referindo a esse jeito de escrever como se o leitor sempre estivesse fazendo perguntas ao escritor). parabéns diego, adorei mesmo. vê se escreve mais pra cá, vai contribuir muito.

nãoseileianaminhacamisa. disse...

vi o filme a uns anos atras, e realmente, o filme é tão futil quanto seus "cinespectadores".
um história um tanto clichê, é verdade. E é verdade também que o garoto da camêra é a "quebra", mas volta ao clichê quando ele vende drogas ao ator principal, algo sem motivo nenhum no filme.
E nenhum americano (digo aqui os americanos trues: aqueles que comem mc donald's todos os dias, vente nike, bebem cerveja quente nos churrascos, vão à igreja domingo e votam em bush) daria um Oscar oiuo assistiria um filme os criticando 'perversamente', pois a vida que levam não passa de um mar de rosas.